quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Teatro e os Amigos

A não perder no próximo sábado (27/11), no Instituto Franco-Português em Lisboa, a peça “Diógenes”, uma encenação do amigo Miguel Sopas.
SINOPSE
Diógenes é um rapaz com um passatempo particular: coleccionar! Mas coleccionar todo o tipo de coisas!... Encontra-as, apanha-as e leva-as consigo!...
Na verdade, o seu vício de amealhar coisas já vem de família - e de hà várias gerações! Os seus avós namoraram-se enquanto recolhiam e amontoavam poças de água... a sua irmã adolescente colecciona objectos inúteis... os seus pais, tudo o que possam encontrar, desde que em grande quantidade - para que o seu irmão mais novo possa contar, já que é esse o seu vício!... Finalmente, o seu tio, que é carteiro e solteiro, colecciona cartas de amor!...
Será com este tio que veremos que "aquilo que fazemos, às vezes, tem consequências inesperadas"...
Esta micronovela isenta de pedagogia e boas intenções, feita de pequenas peças que se entrelaçam, mesclam e imiscuem umas nas outras e que, entre o humor absurdo e o afecto, conduzem o espectador até um final trágico. O protagonista fala da sua família e das suas peculiares inclinações: o hábito do granjeio, como lhe chamou o pai.
Neste espectáculo procuramos priveligiar a proximidade do nosso público mais jovem com o mundo desta família, que construimos, aproximando-nos das linguagens do teatro visual e de objectos, numa viagem de descoberta inspirada pela beleza poética do texto de Pablo Albo. Lançamos-vos o desafio de se deixarem apaixonar por estas personagens, pelas suas colecções e pelas suas histórias...

Outro amigo, o Rui M. Silva faz parte do elenco da peça “1974”, uma encenação de Miguel Seabra, que vai estar em cena na Sala Garrett do TNDM II até 19/12.

SINOPSE
“1974” tem como objecto temático a identidade portuguesa, cruzando três períodos da história de Portugal: Ditadura, Revolução de Abril e a entrada na comunidade económica europeia, hoje Unidade europeia, reflectindo ainda a nossa contemporaneidade.
Onze actores percorrem o tempo de um país, inscrevendo no espaço teatral fragmentos de situações ou instantes impressivos que, partindo do real, são retrabalhados numa linguagem que pretende ultrapassar a mimesis ou a ilustração, tendo-se escolhido um ponto de vista sensorial, mas simultaneamente forte e impressivo para dizermos de nós identitariamente, nesta travessia pela história.
Partindo-se de improvisações temáticas, objectivas e factuais, traçadas como mapa de caminho, potencia-se formalmente cada segmento do espectáculo, conferindo-lhe dimensões diversas que vão do adensamento da poética à subtileza do humor, que nos permitirá rir da nossa particular idiossincrasia. Não se pretende contar a vida de um país, mas pequenas fábulas sucessivas em que os actores vão sendo vários e múltiplos, em que as cenas se desenrolam numa espiral que não é explicativa, mas esboços e borrões abstractos de comportamentos sentidos no corpo dos actores e concretizados em cena.
Tanto a música como o espaço cenográfico em permanente mutação são ambos cenários desta concentração de tempo, enviando sinais que afirmam, complementam e potenciam a cena ou a distorcem para a perturbar.
Inserido numa das linhas de trabalho do Teatro Meridional em que a narrativa cénica assenta no acto teatral da expressão física, emocional e intencional do trabalho do actor e onde a palavra ou está ausente ou não é o seu principal recurso de comunicação, este será o sétimo espectáculo da Companhia que trabalha esta linguagem cénica e o terceiro espectáculo que tem como objecto temático a identidade portuguesa.

E por fim, a aguardada estreia do amigo Tiago Poiares, na peça “As cebolas de Napoleão”, uma Encenação de outro amigo, Nuno Pino Custódio, com estreia marcada para o dia 3/12 no Auditório da Moagem no Fundão.
SINOPSE
Três fuzileiros trazem consigo a grande história, desde que Napoleão irrompe da Revolução Francesa, se coroa a si próprio imperador e decreta o Bloqueio Continental. Três fuzileiros trazem consigo a história já não tão grande, desde que Jean-Andoche Junot entra pela zona raiana e chega a Lisboa para “ficar a ver navios” com a partida inesperada de João VI para o Brasil. Três fuzileiros trazem consigo a história mais pequena, quando o general Loison, sem um braço, tornou comum a expressão “ir para o maneta”, ao saquear, chacinar e incendiar o país de norte a sul. Três fuzileiros trazem consigo, na memória do corpo, com os gestos, as palavras, os sons, a mais que pequena história, quando o general de brigada Charlot, mandado auxiliar a cada vez mais instável e insegura capital do reino, depara-se no caminho com a vila de Alpedrinha, ali na Serra da Gardunha, e das seis para as sete horas do dia cinco de Julho de 1808 deixa a impiedosa marca da destruição e da morte.
Como camadas de uma cebola, da Europa vista de cima, até que se perceba o branco dos olhos de cada um. Esta é a nova criação da ESTE – Estação Teatral, bem ao seu jeito, recentrando a representação no corpo do actor, recorrendo à pantomima para criar toda uma narrativa de imagens, procurando que a percepção do aqui-agora torne essencial na vida a arte da presença.